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sexta-feira, 8 de maio de 2009

VESTÍGIOS DE UMA VIDA

Meditando sobre a vida, veio à mente uma linda poesia de Cecília Meirelles, esse rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, ..." e finaliza o seu belo poema perguntando: "Em que espelho ficou perdida a minha face?"

Esta pergunta soou para mim, naquele momento, como provocação, fazendo-me pensar, se além das marcas externas, o que mais teria sido registrado nos espelhos que já passaram pela minha existência.

Sem muita surpresa, vi no espelho o mesmo que a poetisa viu: " ... Um rosto assim calmo, assim triste, assim magro...", mas também percebi vestígios de outras emoções que matizaram a minha caminhada através da vida e, pude então, repassar fatos que deixaram marcas indeléveis em meu semblante: me vi assustada e medrosa frente ao primeiro dia de aula no curso primário; aterrorizada e surpresa com a primeira menstruação; vivi o vendaval de sentimentos do primeiro amor; o espanto e a doçura do primeiro beijo; a sensação de nulidade frente a primeira perda de um ente querido; o temor e a insegurança do primeiro emprego; a expectativa ansiosa do primeiro casamento; o doce medo da primeira noite; o indizível prazer dom primeiro orgasmo; a alegria e o medo da responsabilidade do primeiro filho; o amor incondicional e descompromisado do primeiro neto; o desconforto e a solidão dos primeiros sinais de velhice...

Agora, aqui estou perguntando, o que mais vai ser retratado nos espelhos que ainda passarão por mim?

Sinto que o medo da violência que nos assola e que também envolve o mundo contemporâneo, já está moldado em minha face, mas penso que seria prazeroso, contudo, deixar marcado em meu rosto indícios de uma vida que pulsa sem parar e vibra para que a maturidade seja algo tão edificante como qualquer outra fase dos muitos anos já vividos, e que este momento da existência possa ser uma soma das experiências, alimentando esperanças e utopias pois, sem elas os espelhos que nos retratam marcarão apenas solidão, o vácuo, o nada!!!

Adm. Circe de Abreu Barbosa - Rio de Janeiro - maio de 2007.

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